Em 23 de junho de 47 A.C. nasceu Ptolemaios XV Philopator Philometor Caesar (Cesarion), filho de Cleópatra VII, rainha do Egito, e, segundo a mesma declarou, e foi aceito várias fontes antigas, de Caio Júlio César, Ditador da República Romana. O nome significa, em grego, “Ptolemeu, filho amado de seu pai, filho amado de sua mãe, César“.
(Acredita-se que esta cabeça, encontrada no fundo do mar na baía de Alexandria, seja de Cesárion)
Cesárion, como o menino ficaria conhecido, foi o fruto do relacionamento amoroso que Júlio César manteve com Cleópatra, após o primeiro ter invadido o Egito, intervindo em favor da jovem rainha na disputa sucessória que esta travava pelo trono contra seu irmão, Ptolemeu XIII (e que também, de acordo com o costume faraônico, era marido dela).
Considerando que César, em seguida ao assassinato de seu rival Pompeu, chegou à Alexandria no início de outubro de 48 A.C., Cesárion deve ter sido concebido pouquíssimo tempo depois do primeiro encontro entre César e Cleópatra, quando, de acordo com o relato do historiador antigo Plutarco, a jovem rainha, iludindo os guardas, conseguiu penetrar no palácio onde César se encontrava, escondida dentro de um tapete enrolado.Vale citar que Suetônio menciona ter lido alguns autores gregos segundo os quais Cesárion lembrava bastante César em aparência e postura.
Embora César nunca tenha reconhecido oficialmente o menino, em 46 A.C, Cleópatra e Cesárion foram viver em Roma durante dois anos, hospedados em uma casa de campo de César, até que o Ditador foi assassinado nos idos de março de 44 A.C. Todavia, em seu testamento, não há dúvidas de que César reconheceu Caio Otávio, que era o seu sobrinho-neto, como seu herdeiro e sucessor político, adotando-o, (em virtude disso, Otávio passou a se chamar Caio Júlio César Otaviano). Acerca de Cesárion, porém, nenhuma palavra.
Cleópatra e Cesárion voltaram para Alexandria e, em 2 de setembro de 44 A.C., o menino foi coroado Faraó e co-governante do Egito pela mãe.
(Relevo no Templo de Dendera, no Egito, retratando Cléopatra e Cesárion como faraó)
A História só volta a mencionar Cesárion novamente em 34 A.C., quando o Triúnviro Marco Antônio e sua companheira Cleópatra, estabelecem as chamadas “Doações de Antióquia“, doando territórios do anitgo Império Selêucida e na Pártia aos filhos de Cleópatra, incluindo Cesárion, fruto da união dela com Júlio César, e Alexandre Helios e Cleópatra Selene, frutos da união de Cléopatra com o próprio Marco Antônio. Isso se dá no contexto da disputa entre Antônio e Otaviano , no prelúdio da Guerra Civil que pôs fim ao segundo triunvirato.
Após a Guerra Civil, com a vitória de Otaviano sobre as forças de Marco Antônio e Cleópatra, em Actium (31 A.C), e Otaviano invade o Egito, no ano seguinte. Segue-se o suicídio do casal. A partir daí, selou-se o destino de Cesárion…
Em 30 A.C, o Egito é anexado como província romana. É o fim da história egípcia de mais de três mil anos como ente político independente, provavelmente o primeiro Estado que existiu.
Há um relato do historiador Plutarco de que Cesárion teria sido enviado por Cleópatra à Índia, através da Etiópia, levando um grande tesouro, para escapar da captura, ressalvando, contudo, que o rapaz teria sido convencido por auxiliares a voltar ao Egito, sob a promessa de que ele seria poupado por Otaviano e mantido no trono. Otaviano teria chegado a hesitar sobre o destino de Cesárion, mas acabou decidindo mandar matá-lo.
Suetônio afirma que, em sua fuga, Cesárion foi interceptado pelos soldados de Otáviano, trazido de volta ao Egito e executado. O fato é confirmado por Cassius Dio. Segundo Plutarco, ao mandar executá-lo, Otaviano teria seguido um conselho que o filósofo Areius, havia lhe dado:
“Boa coisa não é que haja muitos Césares”…
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