A BATALHA DE CHÂLONS

Em 20 de junho de 451 D.C, (data mais aceita), um exército composto de aliados romanos, visigodos e alanos enfrentou o exército comandado por Átila, o Huno, que vinha devastando a província da Gália.

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A batalha ocorreu próximo à cidade de Aurelianum (a moderna Orléans), no lugar então conhecido como “Campos Cataláunicos”, cuja exata localização ainda é objeto de controvérsias.

Átila, que, juntamente com o seu irmão Bleda,  havia se tornado rei dos Hunos em 435 D.C, cujas tribos tinham sido unificados pelo seu antecessor, Rugila, que, aproveitando- se do enfraquecimento do Império Romano, a partir da derrota para os Visigodos na Batalha de Adrianópolis, conseguira extorquir dos Romanos um pagamento anual de um tributo de ouro aos Hunos para que estes não atacassem o Império. Átila, por sua vez, conseguiu renovar esse tributo após um acordo com embaixadores romanos enviados pelo imperador TEODÓSIO II e, então, resolveu atacar o Império Persa, porém sem obter sucesso.

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Assim, em 440 D.C., Átila decidiu voltar a fazer incursões contra o Império Romano do Oriente, sob o pretexto de que os romanos não vinham cumprindo suas obrigações estipuladas pelo Tratado, devastando as províncias fronteiriças ao Danúbio, e, em seguida, a Ilíria e os Bálcãs.

Porém, por volta de 445 D.C., a ofensiva huna foi detida pelas imponentes muralhas de Constantinopla, e Teodósio II resolveu negociar, aceitando pagar o triplo do tributo anteriormente previsto, além de 6 mil libras de ouro como reparação (o que constitui mais de duas toneladas).

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Assim, momentaneamente saciados, Átila, Bleda e os seus hunos se retiraram para o seu território.

Enquanto isso, algum dia antes de 450 D.C., Átila, tornou-se o único rei dos Hunos, devido à morte de Bleda (que, segundo uma versão, foi assassinado pelo próprio irmão) e voltou a atacar o Império Romano do Oriente, mas, novamente,  ao entrar na Grécia, ele constatou que as Muralhas de Constantinopla haviam sido ainda mais reforçadas e tinham ainda mais condições de lhe resistir novamente. Átila, assim, preferiu garantir a continuidade do pagamento do tributo, além de exigir a concessão de algum território romano. Diante desta última exigência, o governo imperial adotou a estratégia de “fazer cera” e prolongou ao máximo as negociações.

Átila, nesse meio tempo, desviou a sua atenção para o Ocidente. A princípio, consta que ele foi instigado pelo rei Geiserico, dos Vândalos, a atacar a Gália, parcialmente ocupada pelos Visigodos, de quem os primeiros eram inimigos.

O fato é que, até então, os Hunos haviam poupado o Ocidente de suas investidas, muito em função das boas relações que o marechal Flávio Aécio, o comandante-em-chefe do Exército do Império Romano do Ocidente tinha com eles, pois o romano havia passado a sua juventude como refém dos bárbaros.

Assim, foi grande a consternação na corte de Ravenna quando, na primavera de 450 D.C., o Império do Ocidente recebeu um ultimato de Átila exigindo que a Gália fosse entregue aos Hunos, e por um motivo bem inusitado: Justa Grata Honória, a irmã do imperador romano do Ocidente, Valentiniano III, que estava presa por ter engravidado de um camareiro, conseguiu enviar a Átila uma correspondência contendo um pedido de socorro, acompanhado de um anel (provavelmente contendo o seu selo, como prova de sua identidade). Contudo, o rei bárbaro aproveitou esse pretexto e o envio do anel para anunciar aos Romanos que a princesa romana agora era sua noiva, o que lhe dava, segundo o costume bárbaro, o direito de exigir um “singelo” dote: Metade do Império do Ocidente!

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Embora não se tenha razão para duvidar da existência da carta de Honória, que era reconhecidamente uma mulher voluntariosa e ambiciosa, o fato é que o verdadeiro motivo para Átila voltar sua atenção para o Império Romano do Ocidente era o simples fato de que ele já tinha saqueado o Oriente à exaustão (sem contudo, ter sido capaz de saquear a sua principal cidade, a capital Constantinopla). Portanto, ele concluiu que agora era chegada a hora de sugar as entranhas da rica Gália.

Em 451 D.C, sob o pretexto de atacar os visigodos, uma imensa horda huna, acrescida por várias tribos germânicas súditas de Átila, tais como os Ostrogodos, Hérulos, Sciri, Gépidas e alguns contingentes de Alanos e de Francos Ripuários dirigiu-se para a Gália e rapidamente tomou Metz, Reims, Mogúncia, Estrasburgo, Colônia, Worms e Trier que foram saqueadas e incendiadas.

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O comandante-em Chefe do Exército Romano do Ocidente, o marechal Flávio Aécio, porém, conseguiu formar uma aliança com os Visigodos, Francos Sálios e Alanos, que se uniram a um pequeno contingente de tropas romanas tradicionais. Quando os aliados se aproximaram de Orleans, sitiada pelos hunos, Átila prudentemente teve que abandonar o cerco e rumou para o campo aberto, ao norte da cidade, no local chamado de Locus Mauriacus ou Campos Cataláunicos (Châlons), na Champanha, onde montou seu acampamento (O real local da batalha ainda é debatido e alguns defendem que ela tenha ocorrido em Troyes),

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No dia 19 de junho de 451 D.C., o exército aliado chegou às proximidades do acampamento de Átila e houve uma escaramuça entre os francos aliados e as tropas gépidas de Átila.

No dia seguinte, 20 de junho de 451 D.C., Átila aguardou até cerca de 15h da tarde e ordenou um ataque ao exército aliado.

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Travou-se uma sangrenta batalha onde os contingentes aliados Visigodos e Alanos aguentaram a maior parte da carga dos guerreiros hunos. Os Romanos colaboraram ocupando uma importante elevação na planície, onde eles se postaram em tradicional formação cerrada, protegidos por escudos.

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A batalha entrou pela noite. Em posição desfavorável, Átila acabou ordenando uma retirada, sem que houvesse uma perseguição por parte dos aliados romanos. Teodorico I, rei dos Visigodos, também morreu no combate (Alguns estudiosos defendem que a tumba de um guerreiro germânico do século V D.C., encontrada em Pouan, seja de Teodorico. Isso também reforçaria o argumento de que a batalha ocorreu próximo a Troyes).

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Foi certamente o auge da carreira de Aécio. Logo após a retirada de Átila, ele convenceu Thorismund, filho de Teodorico, a desistir de perseguir os Hunos a fim de vingar o seu pai morto e retornar para Toulouse, para evitar que os demais irmãos dele assumissem o trono visigodo. Para o historiador dos Godos, Jordanes, a real intenção de Aécio em impedir que os Hunos fossem completamente destruídos era evitar que os Visigodos rompessem a aliança com os Romanos e atacassem o Império.

Muitos historiadores consideram (para outros com algum exagero), que esta foi uma das batalhas mais importantes da História, e o historiador romano-bizantino Procópio chamou Aécio de “O Último dos Romanos“. Há até quem defenda que foi esta vitória que assegurou a continuidade da civilização ocidental na Europa (eu também considero isto um exagero). O fato é que é difícil chegar a uma conclusão, pois Átila morreria dois anos depois e o seu império se esfumaçou tão rápido como surgira.

Certamente Châlons não foi uma vitória esmagadora, pois, no ano seguinte os Hunos  invadiriam a Itália, destruiriam Aquileia, sem serem perturbados e somente se retiraram, por motivos até hoje ignorados, após uma conferência de Átila com uma embaixada do Papa Leão I. Acredita-se que Átila tinha problemas de suprimentos e temor de que seu exércitos contraísse a Peste que grassava na Península.

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Todas as fontes antigas, porém, são unânimes em relação ao grande número de mortos de todos os envolvidos na Batalha de Châlons (“cadavera vero innumera“).

UM LEGADO HUNO NA SUÍÇA?

De qualquer modo,é possível que a Batalha de Chalôns tenha deixado um outro legado permanente: Cerca de 3 mil nativos do Município de Anniviers, que fica em um vale quase inacessível no Cantão de língua francesa de Valais, na Suíça, alegam serem descendentes dos Hunos.

Efetivamente, muitos habitantes apresentam características morfológicas de povos asiáticos, e os nomes de muitos lugares não tem qualquer semelhança com o francês falado na região, nem com qualquer outra língua européia, (tais como Penszék, Kuimez, Luk, Náva, Návaszék, Kalló, Barma), Eles parecem mais com nomes húngaros, uma língua que pertenceria ao mesmo tronco da língua falada pelos Hunos.

Além disso, há na localidade uma incidência muito grande de crianças que nascem com a chamada “mancha mongol”, uma mancha azulada temporária e inofensiva de nascença,prevalente entre os povos asiáticos.

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Uma corrente acredita que os habitantes de Anniviers seriam descendentes de Hunos sobreviventes da Batalha de Chalôns, deixados para trás pela retirada de Átila, e que foram se instalar no inacessível vale alpino…

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DÍDIO JULIANO – UM LANCE MORTAL

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Em 1º de junho de 193 D.C., o imperador romano Dídio Juliano foi executado por um soldado no interior do próprio Palácio Imperial, cumprindo uma decisão do Senado que o havia sentenciado à morte.

Após o assassinato do imperador Cômodo, no último dia de 192 D.C., o ano de 193 D.C. tinha começado com um novo imperador, Pertinace, que apesar do início promissor, não conseguiu conter a insaciável Guarda Pretoriana e foi assassinado, em 28 de março, por um grupo de pretorianos, insatisfeitos por não terem recebido o donativo que havia sido prometido quando da ascensão do novo imperador ao trono. E, após este infame assassinato, aquele tumultuado ano ainda testemunharia mais quatro imperadores serem aclamados, motivo pelo qual ficaria conhecido como “O Ano dos Cinco Imperadores“.

Dídio Juliano nasceu em Mediolanum (atual Milão), em 29 de janeiro de 133 D.C, (uma outra fonte cita a data de 02 de fevereiro de 137 D.C). Ele era filho de Quintus Petronius Didius Severus e de Aemilia Clara, esta pertencente a uma família norte-africana, radicada em Hadrumetum (atual Sousse, na Tunísia), mas que descendia da nobreza romana.

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(Trecho das muralhas romanas de Mediolanum, atual Milão)

Já a família paterna de Dídio Juliano era uma das mais antigas de Mediolanum, cidade originalmente povoada por um povo celta, os Insubres. Em 194 A.C., após décadas de hostilidade, os Insubres se aliaram aos romanos, obtendo, em 89 A.C., a cidadania latina, e,  finalmente, em 49 A.C., a cidadania romana.

O avô paterno de Dídio Juliano, Quintus Petronius Severus, foi um general bem-sucedido, e a sua avó, Didia Jucunda pertencia à gens Didia, uma família plebéia de “novos homens”, sendo que um de seus antepassados alcançara o consulado em 89 A.C.

Pelo lado materno, Dídio Juliano era parente, talvez neto ou sobrinho, não se sabe ao certo, do famoso jurista Salvius Julianus, que compilou e codificou, durante o reinado do imperador Adriano, os Éditos dos Pretores (juízes) romanos (espécies de súmulas de jurisprudência e normas processuais), promulgados durante a República e que nunca haviam sido sistematizados.

Salvius Julianus também era nativo da região de Hadrumetum (vilarejo de Pupput) e é possível que a mãe de Dídio Juliano fosse sua filha ou sobrinha. Salvius também era membro do Conselho Privado do Imperador Adriano, uma posição que ele manteve no reinado do sucessor deste, Antonino Pio,  culminando a sua carreira com a nomeação para o cargo de Cônsul, no ano de 148 D.C.

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(Ruínas romanas de Pupput, na Tunísia, terra natal de Salvius Julianus)

A proximidade de Salvius Julianus com os imperadores Adriano e Antonino Pio provavelmente é a explicação para o fato de Dídio Juliano, após a morte de seu pai, haver sido criado na casa de Domitia Lucilla, mãe do imperador Marco Aurélio e cunhada da esposa de Antonino Pio.

Assim, Domitia Lucilla ajudou seu protegido Dídio Juliano a ser nomeado para o colégio de magistrados chamado Vigintivirati, que era o primeiro passo para uma carreira pública no Império Romano daquele período.

Por volta de 153 D.C, Dídio Juliano casou-se com Manlia Scatilla, integrante de uma ilustre família senatorial, que, naquele mesmo ano, deu à luz à única filha e descendente do marido, a qual eles deram o nome de Didia Clara.

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(Moeda com a efígie de Manlia Scatilla, esposa de Dídio Juliano, foto de Rasiel Suarez )

E, durante a dinastia dos Antoninos, Dídio Juliano continuou prosperando, ocupando, sucessivamente, os cargos de Questor, Edil e, em 162 D.C., de Pretor militar, sendo nomeado comandante da Legião XXII Primigenia, estacionada em Moguntiatum (atual Mainz, na Alemanha). Mais tarde, em 170 D.C.,  ele foi nomeado Prefeito da Gália Bélgica, servindo nessa qualidade por cinco anos, período no qual ele reprimiu uma invasão da tribo germânica dos Chauci.

Em reconhecimento dos seus serviços nas províncias, Dídio Juliano foi nomeado para a mais importante magistratura tradicional romana, o Consulado, no ano de 175 D.C., tendo como colega o futuro imperador Pertinace.

Posteriormente, Dídio Juliano, que por então havia se tornado um homem muito rico, foi Governador da Dalmácia e da Germânia Inferior, e, após voltar à Roma, ele foi designado Prefeito encarregado da distribuição de dinheiro aos pobres da Itália. Nesse cargo, ele foi acusado de estar associado a uma conspiração contra o imperador Cômodo, que já havia sucedido Marco Aurélio. Contudo, ele foi inocentado e voltou a ocupar cargos importantes, tais como os de governador da Bitínia e de Procônsul da África, sucedendo, neste último cargo, Pertinace.

 

Quando Cômodo foi morto, em um complô palaciano que envolveu a amante do imperador, seu camareiro e o Prefeito Pretoriano, Quintus Aemilius Laetus, que, certamente, devem ter sido apoiados por vários senadores, Pertinace foi levado para o quartel da Guarda Pretoriana e ali aclamado imperador.

Não obstante a forma com que ele chegou ao trono, Pertinace, desde o início, demostrou que pretendia restaurar os procedimentos de seriedade na administração que nortearam os reinados dos imperadores da dinastia dos Antoninos, até o fim do reinado de Marco Aurélio.

Porém, quando os pretorianos perceberam que eles não iriam receber a recompensa esperada pela nomeação de Pertinace ao trono, cerca de 200 guardas invadiram o Palácio, em 28 de março de 193 D.C., e mataram o recém-nomeado Pertinace, cujo reinado durou apenas 86 dias.

Em seguida ao assassinato de Pertinace, ocorreu um dos mais vergonhosos episódios da História de Roma: Os guardas pretorianos saíram pela cidade de Roma à procura de candidatos para quem eles pudessem vender o trono imperial.  Assim, um grupo de soldados levou para o Quartel o Prefeito Urbano Sulpiciano, sogro de Cômodo, com quem começaram a negociar o preço pela sua aclamação!

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(Relevo dos Pretorianos, séc. I D.C., Louvre. Acredita-se que os soldados retratados sejam guardas pretorianos, que usavam  tradicionais uniformes e equipamentos antigos da época republicana, da mesma forma que as guardas imperiais ou presidenciais fazem hoje em dia. Foto em Historien spécialiste du bassin minier du Nord-Pas-de-Calais JÄNNICK Jérémy / Wikimedia Commons & Louvre-Lens)

Enquanto isso ocorria, Dídio Juliano, que segundo o historiador Dião Cássio, era, ao mesmo tempo, ganancioso e desregrado, estava em um banquete e, encorajado pelos presentes, incluindo sua esposa e filha, resolveu ir ao Quartel da Guarda Pretoriana (Castra Pretoria) para testar a sua sorte.

Diga-se de passagem, que havia, de fato, alguns aspectos aptos a encorajar Dídio Juliano nessa ousada empreitada: Ele teve muita proximidade com a dinastia dos Antoninos, ocupou cargos importantes, inclusive o Consulado, e a sua trajetória política parecia que estava sempre seguindo diretamente os passos do finado imperador Pertinace (consta até que este, quando vivo,chegou a fazer brincadeiras neste sentido).

Segundo outra versão, Dídio Juliano foi até à Cúria do Senado Romano para tentar ser aclamado pelos seus pares, mas, achando o prédio fechado, ele acabou sendo levado por dois tribunos da Guarda Pretoriana até o Castra Pretoria.

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(Ruínas dos muros do Castra Pretoria, em Roma, no século XVIII, gravura de Giovanni Battista Piranesi)

Lá chegando,  Dídio Juliano, ainda do lado de fora dos muros, ao ouvir a negociação de Sulpiciano com os Guardas, começou a gritar, ainda do lado de fora dos muros, as suas ofertas. Ele também enfatizou aos militares que Sulpiciano, sendo sogro de Cômodo, poderia tentar responsabilizá-los pela morte daquele imperador.

Assim, Dídio Juliano foi admitido a entrar no Quartel e, logo, o triste espetáculo transformou-se em um verdadeiro leilão, que parecia que iria ser vencido por Sulpiciano, pelo valor de 20 mil sestércios para cada Pretoriano. Porém, Dídio Juliano subiu o lance e, oferecendo 25 mil sestércios, acabou sendo o vitorioso. O Senado, intimidado, reconheceu a aclamação, no mesmo dia 28 de março de 193 D.C.

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(Aureus de Dídio Juliano)

Contudo, a população nunca aceitou a forma como Dídio Juliano havia obtido o trono. Logo, o novo imperador passou a ser vaiado em público. Além disso, o fato é que Pertinace, apesar de reinar apenas 86 dias, havia sido um governante popular e respeitado.

Em pouco tempo, a insatisfação espalhou-se pelas províncias e  os generais Clódio Albino, Septímio Severo e Pescênio Niger foriam aclamados imperadores, cada um pelas respectivas legiões.

A única medida conhecida do governo de Dídio Juliano foi desvalorizar a moeda romana para o percentual de prata anterior ao reinado de Pertinace.

Quando Septímio Severo invadiu a Itália, ele ordenou que muitos dos seus soldados entrassem em Roma disfarçados. Além disso, a Guarda Pretoriana não era páreo para o experimentado exército da Ilíria. Quando percebeu-se que a derrota do imperador era só uma questão de tempo, o Senado condenou Dídio Juliano à morte e reconheceu Severo como imperador. Antes disso, a Guarda Pretoriana, com medo da punição aos seus crimes,já havia abandonado o imperador a quem tinha vendido o trono.

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(Cabeça de bronze de Septímio Severo)

Dídio Juliano, em 1º de junho de 193 D.C., foi abordado por um soldado que, em cumprimento à ordem emanada do Senado, executou-o no interior do próprio Palácio, em seus aposentos. Ele havia reinado por apenas 66 dias.

Senhor absoluto de Roma (mais tarde ele se livraria dos rivais Níger e Albino nas províncias), Septímio Severo ordenou a execução dos assassinos de Pertinace, fazendo com que o Senado “deificasse” o falecido e prestando, ele mesmo, várias honras à memória daquele infeliz imperador.

Severo poupou a esposa de Dídio Juliano, Manlia Scatilla, e a sua filha, Didia Clara (que, consta, era uma das mulheres mais lindas de Roma). Porém, ambas perderam os títulos de imperatrizes. Elas receberam autorização para sepultar o corpo do marido e pai no Mausoléu de Salvius Julianus, que ficava no marco das 50 milhas da Via Labicana, nos arredores de Roma.

 

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