Repetindo o que já explicamos nos artigos anteriores sobre os meses do calendário, o primitivo calendário romano tinha dez meses e começava no mês de março.
Os quatro primeiros meses foram batizados em homenagem a divindades, e os outros seis eram chamados pelo número que correspondia à posição que ocupavam no calendário: Depois de Março, Abril, Maio e Junho, vinham Quintilis, Sextilis, Septembris, October (ou Octobres), Novembris e Decembris, respectivamente, o quinto, o sexto, o sétimo, o oitavo, o novo e o décimo mês do ano.

Devido a imprecisão desse calendário primitivo, os romanos passaram a adotar um calendário de doze meses, introduzindo-se os meses de janeiro (Ianuarius), que passou a ser o primeiro mês, e de fevereiro (Februarius). Essa reforma é atribuída ao rei Numa Pompílio, o mítico segundo Rei de Roma.
Assim, Octobres passou a ser o décimo mês do ano, mas, apesar disso, ele manteve o seu nome, com o qual o povo já estava acostumado e que foi preservado mesmo após a nova reforma instituída pelo Ditador Júlio César, implantando o Calendário Juliano, de 365 dias e doze meses. E também o seu número de dias foi mantido em 31.

Segundo as fontes antigas, o Senado Romano chegou a propor a Tibério rebatizar brevemente o mês de Outubro com o nome de Livius, em homenagem à mãe dele, Lívia Drusila, esposa de Augusto, nascida no referido mês, sugestão que foi recusada pelo imperador, que, sarcasticamente, replicou perguntando o que os senadores fariam quando mais de doze imperadores tivessem reinado ou se dois deles tiverem nascido no mesmo mês…

Segundo os costumes e tradições dos Romanos, o mês de outubro marcava o fim do período anual destinado às campanhas militares e também o término dos trabalhos no campo. Por isso, o deus tutelar do mês era Marte.
A principal festividade religiosa que acontecia no mês de outubro na Roma Antiga eram os Jogos Capitolinos (Ludi Capitolini), instituídos em 387 A.C., para comemorar o fato dos Gauleses não terem conseguido capturar e incendiar a Colina do Capitólio no referido ano. Os Jogos eram celebrados em homenagem ao deus Júpiter Capitolino e começavam no dia 15 de outubro, tendo a duração de 16 dias. No início do período imperial, os Jogos Capitolinos tinham caído no esquecimento, mas foram revividos pelo imperador Domiciano, em 86 D.C, que os remodelou para serem uma espécie de olimpíada romana, sendo celebrados a cada quatro anos no Campo de Marte, compreendendo competições esportivas entre atletas, mas também concursos de poesia, oratória e outras performances artísticas.
Em honra do deus Marte, no dia 19 de outubro celebrava-se o Armilustrium, um festival no qual as armas dos soldados romanos eram ritualmente purificadas e guardadas para o reinício da temporada de campanhas, no ano seguinte. Antes disso, no dia 15 de outubro, ainda como devoção a Marte, era sacrificado o chamado “Cavalo de Outubro” (Equus October), também no Campo de Marte, após uma corrida de bigas. O cavalo vencedor, então, era morto com uma lança, e sua cabeça e rabo cortados. Essa era a única cerimônia religiosa romana em que se admitia o sacrifício de um equino, o que, para alguns, seria a reminiscência de algum antigo rito indo-europeu, ou, para outros, alguma alusão ao mítico Cavalo de Tróia, já que os romanos acreditavam serem descendentes dos Troianos. Mas, sem dúvida, o ritual tinha raízes profundas na cultura romana, uma vez que o mesmo consta assinalado no famoso Calendário de Filócalo, de 354 D.C, produzido já durante o reinado de imperadores cristãos.
Em outubro nasceram os imperadores romanos Domiciano e Alexandre Severo, os poetas, Lucrécio e Virgílio e o historiador Salústio e também ocorreram as Batalhas de Zama, Aráusio e Fílipos.
Fonte: TABLES OF THE ROMAN CALENDAR, EDWARD GRESWELL, IN FOUR VOLUMES,
VOLUME IV, OXFORD AT THE UNIVERSITY PRESS





















