OUTUBRO, O DÉCIMO

Repetindo o que já explicamos nos artigos anteriores sobre os meses do calendário, o primitivo calendário romano tinha dez meses e começava no mês de março.

Os quatro primeiros meses foram batizados em homenagem a divindades, e os outros seis eram chamados pelo número que correspondia à posição que ocupavam no calendário: Depois de Março, Abril, Maio e Junho, vinham Quintilis, Sextilis, Septembris, October (ou Octobres), Novembris e Decembris, respectivamente, o quinto, o sexto, o sétimo, o oitavo, o novo e o décimo mês do ano.

Detalhe do mosaico das estações e dos meses, do século III, encontrado em Albacete, no Museu Arqueológico Naciona da Espanha. Provavelmente, a imagem representa uma personificação do Outono ou do vento jogando as folhas secas, seguido pelo deus Marte. Foto: Carole Raddato from FRANKFURT, Germany, CC BY-SA 2.0 https://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0, via Wikimedia Commons

Devido a imprecisão desse calendário primitivo, os romanos passaram a adotar um calendário de doze meses, introduzindo-se os meses de janeiro (Ianuarius), que passou a ser o primeiro mês, e de fevereiro (Februarius). Essa reforma é atribuída ao rei Numa Pompílio, o mítico segundo Rei de Roma.

Assim, Octobres passou a ser o décimo mês do ano, mas, apesar disso, ele manteve o seu nome, com o qual o povo já estava acostumado e que foi preservado mesmo após a nova reforma instituída pelo Ditador Júlio César, implantando o Calendário Juliano, de 365 dias e doze meses. E também o seu número de dias foi mantido em 31.

Segundo as fontes antigas, o Senado Romano chegou a propor a Tibério rebatizar brevemente o mês de Outubro com o nome de Livius, em homenagem à mãe dele, Lívia Drusila, esposa de Augusto, nascida no referido mês, sugestão que foi recusada pelo imperador, que, sarcasticamente, replicou perguntando o que os senadores fariam quando mais de doze imperadores tivessem reinado ou se dois deles tiverem nascido no mesmo mês…

Página do Calendário de Filócalo, cópia medieval de calendário romano, mostrando a personificação do mês de outubro. Foto: Filocalus, Public domain, via Wikimedia Commons

Segundo os costumes e tradições dos Romanos, o mês de outubro marcava o fim do período anual destinado às campanhas militares e também o término dos trabalhos no campo. Por isso, o deus tutelar do mês era Marte.

A principal festividade religiosa que acontecia no mês de outubro na Roma Antiga eram os Jogos Capitolinos (Ludi Capitolini), instituídos em 387 A.C., para comemorar o fato dos Gauleses não terem conseguido capturar e incendiar a Colina do Capitólio no referido ano. Os Jogos eram celebrados em homenagem ao deus Júpiter Capitolino e começavam no dia 15 de outubro, tendo a duração de 16 dias. No início do período imperial, os Jogos Capitolinos tinham caído no esquecimento, mas foram revividos pelo imperador Domiciano, em 86 D.C, que os remodelou para serem uma espécie de olimpíada romana, sendo celebrados a cada quatro anos no Campo de Marte, compreendendo competições esportivas entre atletas, mas também concursos de poesia, oratória e outras performances artísticas.

Em honra do deus Marte, no dia 19 de outubro celebrava-se o Armilustrium, um festival no qual as armas dos soldados romanos eram ritualmente purificadas e guardadas para o reinício da temporada de campanhas, no ano seguinte. Antes disso, no dia 15 de outubro, ainda como devoção a Marte, era sacrificado o chamado “Cavalo de Outubro” (Equus October), também no Campo de Marte, após uma corrida de bigas. O cavalo vencedor, então, era morto com uma lança, e sua cabeça e rabo cortados. Essa era a única cerimônia religiosa romana em que se admitia o sacrifício de um equino, o que, para alguns, seria a reminiscência de algum antigo rito indo-europeu, ou, para outros, alguma alusão ao mítico Cavalo de Tróia, já que os romanos acreditavam serem descendentes dos Troianos. Mas, sem dúvida, o ritual tinha raízes profundas na cultura romana, uma vez que o mesmo consta assinalado no famoso Calendário de Filócalo, de 354 D.C, produzido já durante o reinado de imperadores cristãos.

Em outubro nasceram os imperadores romanos Domiciano e Alexandre Severo, os poetas, Lucrécio e Virgílio e o historiador Salústio e também ocorreram as Batalhas de Zama, Aráusio e Fílipos.

Fonte: TABLES OF THE ROMAN CALENDAR, EDWARD GRESWELL, IN FOUR VOLUMES,
VOLUME IV, OXFORD AT THE UNIVERSITY PRESS

AGOSTO – O MÊS DE AUGUSTO

No primitivo calendário romano, de dez meses, que começava no mês de março, Sextilis era o nome do sexto mês, que vinha depois de Quintilis, mês que, após a morte do Ditador Caio Júlio César, foi rebatizado de Iulius (Julho), mês do nascimento dele, em sua homenagem.

Devido a imprecisão desse calendário primitivo, os romanos passaram a adotar um calendário de doze meses, introduzindo-se os meses de janeiro, quer passou a ser o primeiro mês, e de fevereiro (essa reforma é atribuída ao rei Numa Pompílio). Assim, Sextilis passou a ser o oitavo mês do ano, mas, apesar disso, ele manteve o seu nome, com o qual o povo já estava acostumado.

Ilustração do Fasti Antiates, calendário anterior à reforma Juliana, mostrando Sextilis (abreviado como SEX) no topo da oitava coluna. Foto: See page for author, Public domain, via Wikimedia Commons

Apesar disso, persistindo ainda consideráveis discrepâncias entre aquele calendário romano, de apenas 355 dias e o ano solar (período de translação da Terra em torno do Sol, ordinariamente de 365 dias), Júlio César, em 46 A.C., assistido por uma comissão de astrônomos notáveis, determinou a adoção de um novo calendário, inspirado pelo mais preciso utilizado pelos Egípcios, de 365 dias, ajustando o número de dias dos diversos meses, que passou a ser chamado de “Calendário Juliano“. Em decorrência, Sextilis e Quintilis passaram a ter 31 dias.

Segundo Varrão e Cássio Dião, em 8 A.C, o Senado Romano decretou que Sextilis deveria se chamar Augustus, em homenagem ao primeiro imperador romano, Otávio, que recebera o nome honorífico de Augusto (cujo significado em latim é “venerável”, “magnífico”).

Fragmento de um mosaico romano mostrando os meses do ano, no Museu Arqueológico de Sousse, Tunísia. Foto: Ad Meskens, CC BY-SA 3.0 https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0, via Wikimedia Commons

O motivo para a escolha de Sextilis para receber o nome de Augusto (que em português virou “Agosto”, de acordo com o Senatus Consultum (decreto do Senado Romano com força de lei), transcrito na obra “Saturnalia“, do romano Macrobius, escrita no século V D.C., foi o fato de que neste mês ocorreram eventos muito importantes na carreira do primeiro imperador. Segue a tradução da referida transcrição:

QUANDO O IMPERADOR CAESAR AUGUSTO ASSUMIU O CONSULADO NO MÊS DE SEXTILIS, E TRÊS TRIUNFOS FORAM TRAZIDOS PARA A CIDADE, E DO JANÍCULO AS LEGIÕES DEPOSITARAM SOB SEUS AUSPÍCIOS A SUA LEALDADE. E TAMBÉM O EGITO FOI COLOCADO SOB O PODER DO POVO ROMANO NESTE MÊS. E O FIM DAS GUERRAS CIVIS FOI IMPOSTO NESTE MÊS. E POR ESTAS RAZÕES, ESTE MÊS FOI E É O MAIS FELIZ PARA ESTE IMPÉRIO. O SENADO DECIDIU QUE ESTE MÊS DEVERIA SER CHAMADO DE AGOSTO.

No mês de agosto, as datas mais importantes eram o festival de Hércules Invicto ou Hércules Vencedor, no dia 12, o festival em honra da deusa Diana, no dia 13, a Portunalia, o festival em honra do deus Portunus, protetor dps portões, chaves e portos (leia nosso artigo clicando no link), no dia 17, a Vinalia, festival da colheita da uva e da safra do vinho, no dia 19, a Consualia, festival em homenagem a Consus, deus protetor da colheita de grãos, no dia 21, e a Volcanalia, festival do deus Vulcano, no dia 23.

Templo de Portunus, em Roma, século I A.C.

Fontes:

1) ORlGINES KALENDARIE ITALICAE, NUNDINAL CALENDARS OF ANCIENT ITALY, NUNDINAL CALENDAR OF ROMULUS, CALENDAR OF NUMA POMPILIUS, CALENDAR OF THE DECEMVIRS, IRREGULAR ROMAN CALENDAR .AND JULIAN CORRECTION. TABLES OF THE ROMAN CALENDAR, FROM U. C . 4 OF VARRO B . C . 750 TO U. C . 1 108 A. D. 355 , de EDWARD GRESWELL, B . D. FELLOW OF CORPUS CHRISTI COLLEGE, OXFORD (download de forgottenbooks.com).]

2) SATURNALIA, DE MACROBIUS, em https://penelope.uchicago.edu/Thayer/L/Roman/Texts/Macrobius/Saturnalia/1*.html#12.35

JULHO – O MÊS DE JÚLIO

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(Mosaico de uma casa romana de Tysdrum (El Djem), na Tunísia, foto de Ad Meskens )

No antigo calendário romano, de dez meses, que começava no mês de março, Quintilis era o nome do quinto mês, que vinha depois de Junius (junho), assim chamado para homenagear a deusa Juno, e antes do mês Sextilis.

Devido a imprecisão desse calendário primitivo, os romanos passaram a adotar um calendário de doze meses, introduzindo-se os meses de janeiro, quer passou a ser o primeiro mês, e de fevereiro. Assim, Quintilis passou a ser o sétimo mês do ano, mas, mesmo assim, ele manteve esse nome, com o qual o povo já estava acostumado.

Apesar disso, persistindo ainda consideráveis discrepâncias entre aquele calendário romano, de apenas 355 dias e o ano solar (período de translação da Terra em torno do Sol, ordinariamente de 365 dias), o ditador Caio Júlio César, em 46 A.C., assistido por uma comissão de astrônomos notáveis, determinou a adoção do calendário de um novo calendário, inspirado pelo mais preciso Egípcio, de 365 dias, ajustando o número de dias dos diversos meses, que passou a ser chamado de “Calendário Juliano“.

Após o assassinato de Júlio César, nos Idos de março de 44 A.C., entre as homenagens póstumas decretadas em sua memória, o mês Quintilis foi rebatizado de “Julius“, que, na língua portuguesa, transformou-se em “Julho“. O motivo da escolha de Quintilis para homenagear César é o fato dele ter nascido no dia 12 de julho de 100 A.C.

No mês de Julho, a data mais importante compreendia os oito dias dos Ludi Apollinares, jogos em honra do deus Apolo, a divindade associada com o Sol, entre 06 e 13 de julho, homenagem muito apropriada, afinal, em julho começa o verão no Hemisfério Norte!

JUNHO

Foto: Ad Meskens, CC BY-SA 3.0 https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0, via Wikimedia Commons

No primitivo calendário romano, que tinha dez meses no total e começava em março, junho era o quarto mês do ano. Depois, com a introdução dos meses de janeiro e fevereiro, por volta do século II A.C., o mês passou a ocupar a sexta posição no calendário, que mantém até hoje.

Desde os primórdios de Roma até quase o fim do período republicano, o mês de junho tinha 29 dias, até a reforma do calendário romano instituída pelo Ditador Caio Júlio César. A partir de então, com a adoção do chamado Calendário Juliano, que começou a vigorar em 1º de janeiro de 45 A.C., o mês passou a ter 30 dias.

Segundo o poeta romano Ovídio, em seu famoso poema “Fasti“, versando sobre o calendário romano, haveria três explicações para a origem do nome Junho, ou Iunius, em latim:

Segundo a primeira delas, o nome seria uma homenagem a deusa Juno, a esposa de Júpiter e deusa protetora do Estado Romano, bem como das mulheres, do parto e do casamento. De acordo com a segunda tese contida nos versos, o nome do mês decorreria da deusa Juventus, ou Juventude, que no poema afirma que o junho é o mês dos jovens (iuniores) em contraposição ao mês anterior, maio, que é dedicado aos velhos (maiores). E Ovídio ainda cita no poema uma terceira alternativa para o nome junho: uma homenagem a Marco Junius Brutus, o fundador da República Romana e que fez o primeiro sacrifício a Deusa Carna (Dea Carna), em 1º de junho, embora esta última explicação seja improvável.

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Estátua da deusa Juno

Importantes datas cerimoniais romanas aconteciam em junho.

Nas calendas de junho (primeiro dia do mês, segundo o método romano de contagem dos dias dos meses), ocorria o já mencionado Festival de Carna, chamado de “Calendas do Feijão (ou favas)” (Kalendae fabariae). Carna era uma divindade que Ovídio associou à Carda, a deusa das dobradiças das portas (Nota:Os romanos davam tanta importância religiosa às portas das casas e aos portões dos celeiros que havia três divindades específicas para cada um dos seus componentes: um para o umbral, um para a porta propriamente dita e outra para as dobradiças…).

Nas Calendas do Feijão que se incluía entre os dias “nefastos” (ou seja, um feriado em que não podia ocorrer nenhum tipo de sessão pública, seja audiência judiciária, reunião política ou assembléia), era oferecido à deusa Carna um prato de feijões (ou favas) cozidos e fritos em banha de porco.

Entre os dias 7  (ante dies VII idus junias) e 15 de junho (ante dies XVII Kalendas Iulias ou, antes do Calendário Juliano, ante dies XVI Kalendas Quinctilis), ocorria a Vestalia, que  era a nundina (período  de 9 dias que no calendário romano tradicional tinha a mesma função da atual semana)  de festejos e cerimônias em honra `deusa Vesta, uma das divindades mais antigas e tradicionais do Panteão romano (leia nosso artigo específico sobre Vesta).

OUTRAS FESTIVIDADES EM JUNHO

Uma data importante, e que parece ter significado mais universal do que o culto à  Vesta, embora não estivesse totalmente divorciado deste, era o dia 24 de junho – o Dies Lampadarum, que marcava o solstício de verão no hemisfério norte, ou seja, dia em que o sol atingia o seu ponto máximo no firmamento e a sua luz tinha o máximo de duração (o dia mais longo e a noite mais curta do ano). Tradicionalmente, o solstício de verão nas sociedades agrícolas setentrionais marca o período da colheita, e por isso a limpeza do armário, ou penus de Vesta, era tão relevante, significando a limpeza da despensa da casa para receber os frutos da nova colheita.

Por isso, a maior parte das representações iconográficas romanas do mês de junho, inclusive a do célebre Calendário de Filócalo, de 354 D.C., apresentava um homem ou divindade carregando uma tocha, próximo a um cesto de frutas ou cereais. (vide foto abaixo)

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SETEMBRO, O NONO

Como já explicamos nos artigos anteriores sobre os meses do calendário, o primitivo calendário romano tinha dez meses e começava no mês de março.

Os quatro primeiros meses foram batizados em homenagem a divindades, e os outros seis eram chamados pelo número que correspondia à posição que ocupavam no calendário: Depois de Março, Abril, Maio e Junho, vinham Quintilis, Sextilis, Septembris, Octobres, Novembris e Decembris, respectivamente, o quinto, o sexto, o sétimo, o oitavo, o novo e o décimo mês do ano.

Mosaico romano dos meses em El Djem, Tunísia, foto By Ad Meskens – Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=23222889

Devido a imprecisão desse calendário primitivo, os romanos passaram a adotar um calendário de doze meses, introduzindo-se os meses de janeiro (Ianuarius), que passou a ser o primeiro mês, e de fevereiro (Februarius). Essa reforma é atribuída ao rei Numa Pompílio, o mítico segundo Rei de Roma.

Assim, Septembris passou a ser o nono mês do ano, mas, apesar disso, ele manteve o seu nome, com o qual o povo já estava acostumado e que foi preservado mesmo após a nova reforma instituída pelo Ditador Júlio César, implantando o Calendário Juliano, de 365 dias e doze meses. Contudo, nessa oportunidade, adicionou-se um dia ao mês de setembro, que originalmente tinha 29 dias.

Segundo as fontes antigas (cf. Sexto Aurélio Vítor), o imperador romano Cômodo chegou a rebatizar brevemente o mês de setembro com o seu nome (ou, segundo outras fontes, com o nome de Hércules, sua divindade predileta), mas o nome, obviamente, não pegou e, após a sua morte, setembro logo recuperou o seu nome tradicional. Aliás, antes dele, Tibério já havia recusado essa honra, e Calígula havia sugerido a mesma coisa em relação ao seu próprio nome.

Página do Calendário de Filócalo, cópia medieval de calendário romano, mostrando a personificação do mês de setembro.

Segundo os tratados romanos de agricultura, setembro era o mês em que os agricultores deveriam realizar certas tarefas relativas aos vinhedos, e, muito provavelmente por isso, a maior parte das imagens sobre o mês, em calendários ou mosaicos, mostra vinhas ou uvas

A principal festividade religiosa que acontecia no mês de setembro na Roma Antiga eram os vetustos Jogos Romanos (Ludi Romani), em homenagem ao deus Júpiter, e tradicionalmente instituídos pelo rei Tarquínio Prisco, o legendário quinto Rei de Roma (mas, segundo alguns cronistas antigos, isso teria ocorrido no início da República Romana). A principal competição era uma corrida de quadrigas, embora também houvesse a apresentação de peças teatrais, exibição de danças e até lutas de boxe. Os jogos começavam no dia 5 de setembro e sua duração aumentou ao longo História Romana. Durante os Jogos Romanos, ocorria, nos Idos de Setembro (dia 13), o Epulum Jovis, um suntuoso banquete oferecido em honra de Júpiter, em que até os deuses eram formalmente convidados, e suas estátuas trazidas para comerem, ritualisticamente, as iguarias, que eram provadas antes por sacerdotes especializados na organização desses banquetes (Epulones).

Vários imperadores romanos tinham seus aniversários comemorados no mês de setembro, tais como Augusto, Nerva, Antonino Pio, Trajano e Aureliano (coincidentemente, todos considerados “Bons Imperadores”).

MAIO

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(Um romano faz uma oferenda a Mercúrio nesse painel de mosaico de El Djem, foto de Ad Meskens )

No antigo calendário romanoMAIO  era o terceiro mês do ano, que tinha dez meses no total. Mas posteriormente, ainda durante a República, o mês passou a ocupar a  mesma posição no calendário que ocupa hoje. O mês, desde os tempos do calendário arcaico, sempre teve 31 dias.

Na versão mais difundida entre os próprios romanos, o nome Maio, ou Maius, seria decorrente da deusa Maia, uma divindade feminina da terra, que era associada ao deus Vulcano e que era a mãe do deus Mercúrio, que por sua vez era o pai dos deuses Lares, cultuados no mês de maio.

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Assim, nas calendas de maio (primeiro dia do mês),  uma porca grávida era sacrificada à deusa Maia pelo Flamen Volcanalis (sacerdote de Vulcano).

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(Os “Fasti Praenestini, foto de Marie-Lan Nguyen)

Entre os muitos festivais romanos  ancestrais celebrados no mês de maio, destacam-se a continuação da Floralia , cujos festejos iniciavam-se em 28 de abril, e o Idus Maiae, um festival em honra a Mercúrio e Maia, comemorado pelos comerciantes no dia 15.

Logo após a trágica morte do adorado general Germânico, sobrinho de Tibério e pai de Calígula, a data do seu aniversário, 24 de maio de 15 A.C., foi incluída no calendário uma oração à deusa Vesta em homenagem ao ilustre falecido, data que ainda era celebrada 250 anos depois do seu nascimento.

No final do século III D.C  foi incluído no calendário oficial romano a celebração do dia do aniversário do imperador Cláudio II Gótico, que nasceu em dia 10 de maio do ano de 210 D.C.

ABRIL – O MUNDO SE ABRE

April

No antigo calendário romanoABRIL era o segundo mês do ano. Mas posteriormente, ainda durante a República, o mês passou a ocupar a  mesma posição no calendário que ocupa hoje. Porém, o trigésimo dia do mês de abril somente foi adicionado com a reforma do calendário determinada  pelo Ditador Caio Júlio César, que por isso recebeu o nome de “Calendário Juliano” e foi utilizado no Ocidente até o século XVI.

Abril, ou Aprilis, vem do latim “aperio”, aperire“, do verbo latino que signfica “abrir“. Nos  Fasti Praenestini, um antigo calendário romano que sobreviveu em fragmentos até os nossos dias, é mencionado que no mês de abril “abrem-se as flores, os frutos e   os animais e  os mares e as terras”.

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(Os “Fasti Praenestini, foto de Marie-Lan Nguyen)

Entre os muitos festivais romanos  ancestrais celebrados no mês de abril, destacam-se a Fordicidia, um festival de fertilidade agrícola e criação de animais domesticados, celebrado no dia 15, a Parilia, uma festa dos pastores, no dia 21, a Vinalia,  no dia 23, um dos dois festivais do vinho celebrados no ano (o outro era em agosto) e a Robigalia, no dia 25, uma festa para proteger as colheitas das pragas. Além destes, do dia 4 ao dia 9 eram celebrados os Ludi Megalenses, em homenagem à Grande Mãe Cibele, uma divindade importada de Pessinus, na Frígia.

Na segunda metade do mês, em data incerta, era celebrada a Cerealia, em homenagem à Ceres, a deusa da agricultura e das colheitas. E no dia 27 ( e depois, no dia 28, já no Calendário Juliano) era celebrada a Floralia, em homenagem à deusa Flora, a deusa das flores.

Uma importante data que passou a ser comemorada a partir do reinado do imperador Cláudio foi a fundação de Roma (Roma Condita), no dia 21 de abril.

Nas calendas de abril (dia 1º),  ocorreu um fato marcante na História de Roma: o imperador Maximiano foi nomeado Augusto, e, na prática, Imperador Romano do Ocidente, pelo imperador Diocleciano.

MARÇO – O MÊS DA GUERRA

March

No antigo calendário romano, utilizado antes do calendário Juliano adotado por ordens do Ditador Caio Júlio César, março era o primeiro mês do ano. Assim, o ano romano começava nas calendas (1º dia de cada mês romano) de março.

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Março, ou Martius, em latim, recebeu esse nome em homenagem ao deus da Guerra, Marte, e, de fato, a temporada de guerra começava nesse mês, quando o inverno aproximava-se do seu fim e começava a primavera.

Entre os muitos festivais romanos celebrados no mês de março, destacam-se os célebres Bacanais (Bacchanalia), em honra a Baco, deus do Vinho,  no dia 17.

Nas calendas de março (dia 1º), ocorreram vários fatos marcantes na História de Roma, entre eles:

1 – Em 509 A.C. : foi celebrado a primeira procissão triunfal (Triunfo) em Roma, pela vitória na Batalha de Silva Arsia, onde os Romanos, liderados pelos dois primeiros Cônsules, Lúcio Júnio Bruto e Públio Valério Publícola, derrotaram os Etruscos das cidades de Veii e Tarquinia, liderados por Tarquínio, o Soberbo,  o antigo rei de Roma que havia sido destronado pela revolta liderada pelos dois cônsules, no episódio que levou à instauração da República Romana. Na Batalha, Lúcio Júnio Bruto foi morto.

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2 –  Em 86 A.C.: o general romano Lúcio Cornélio Sila, encarregado da guerra contra Mitridates VI, rei do Ponto e várias cidades gregas,  consegue invadir Atenas, após vários dias de cerco, e captura o tirano Aristion, aliado de Mitridates, que é executado.

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3- Em 293 D.C.: Os imperadores Diocleciano e Maximiano, respectivamente Augustos das metades oriental e ocidental do Império Romano, nomeiam como Césares os generais Constâncio Cloro e Galério, para ajudá-los a administrar o Império e serem os seus sucessores, instaurando formalmente o sistema de governo que ficaria conhecido como “Tetrarquia”.

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4- Em 317 D.C.: Crispo e Constantino II, filhos do imperador Constantino, o Grande, são nomeados Césares.

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