No dia 18 de janeiro, ou, na forma do calendário romano, o 15º dia antes das Calendas de Fevereiro (os romanos contavam os dias do calendário para trás, a partir de três pontos fixos do mês: as Nonas – que variavam entre os dias 5 e 7 de cada mês, os Idos – que variavam entre o dia 13 e o dia 15 de cada mês, e as Calendas, sempre o 1º dia de cada mês), ocorreram alguns eventos significativos na História de Roma:
1- O assassinato de Publius Clodius Pulcher (Clódio), um importante senador de ilustre família patrícia, que, no entanto, abraçou uma plataforma política demagógica , conseguindo se eleger Tribuno da Plebe, cargo no qual adotou medidas populares como a instituição da distribuição gratuita de trigo para a Plebe.
No entanto, o episódio mais célebre da vida de Clódio foi o famoso escândalo da Festa da Bona Dea, evento exclusivo para mulheres que, no ano de 62 A.C., foi celebrado na casa de Júlio César, então Pontífice Máximo. Clódio, que tinha fama de homem lascivo, conseguiu penetrar na festa disfarçado de mulher, com o intento de seduzir a esposa de César e anfitriã, Pompéia, mas foi descoberto pela mãe de César, Aurélia Cotta, e teve que responder a um processo criminal movido pelo seu grande adversário, Cícero.
César, por motivos políticos, ficou do lado de Clódio e acabou se divorciando de Pompéia, e no escândalo surgiu a famoso ditado sobre “a mulher de César”, de quem se esperava que “não apenas fosse honesta, mas parecesse honesta”…
Como Tribuno da Plebe, Clódio tentou se vingar de Cícero aprovando uma lei que bania aqueles que tivessem mandado executar um cidadão romano sem julgamento, já que, durante a Conspiração de Catilina, Cícero, como Cônsul, havia decretado a execução dos conspiradores em uma sessão do Senado, sem direito a defesa, por razões de segurança nacional.
Clódio foi um dos mais ativos políticos do final da República na prática de se valer da violência e intimidação de grupos armados de clientes, escravos e dos membros dos mistos de associações de bairro e de trabalhadores (collegia) que eram cortejados pelos candidatos romanos para ajudá-los a ganharem as eleições.
Nas eleições de 53 A.C., bandos armados ligado a Clódio por diversas vezes entraram em conflito contra outros bandos controlados por um político rival, Milo.
No dia 18 de janeiro de 52 A.C., nos arredores de Roma, Clódio e sua esposa viajavam escoltados por 30 escravos quando deram de encontro ao bando de Milo, que incluía gladiadores. Houve um conflito e Clódio foi atingido por um dardo, sendo levado para uma estalagem próxima. Os gladiadores de Milo descobriram o esconderijo e executaram Clódio.
No funeral de Clódio, a pira fúnebre foi instalada na frente da Cúria Hostília, a sede do Senado, no Fórum Romano, e novos tumultos acabaram acarretando o incêndio do edifício, que posteriormente foi restaurado por Júlio César e, depois de sucessivas restaurações, inclusive pelo imperador Diocleciano, sobreviveu até nossos dias.
2- Morre o Imperador Romano do Oriente, Leão I, o Trácio, em 18 de janeiro de 474 D.C.
3- Em 18 de janeiro de 350 D.C., as unidades de elite da Guarda Imperial dos Herculanos e dos Jovianos revoltam-se contra o imperador Constante e aclamam como novo Imperador Romano do Ocidente o seu comandante Flavius Magnus Magnentius (Magnêncio), um nativo de Samarobriva (atual Amiens, na França). A aclamação ocorreu em um festejo de aniversário promovido pelo Conde das Riquezas Sagradas (cargo parecido com o de Ministro da Fazenda) Marcelino, celebrado em Autun, na Gália.
Devido à insurreição, o Imperador Constante, que era um dos filhos de Constantino I, o Grande, teve que fugir acompanhado de uns poucos seguidores e acabou sendo morto próximo aos Pirineus.
As províncias romanas da Britânia, da Gália e da Hispânia inicialmente apoiaram a aclamação de Magnêncio e ele até cunhou moedas que, pela primeira vez na História de Roma, ostentavam símbolos cristãos.
(Moeda de Magnêncio, foto de Classical Numismatic Group, Inc)
Entretanto, como era de se esperar, Constâncio II, o Imperador Romano do Oriente e irmão do finado imperador deposto por Magnêncio, não aceitou a aclamação deste,considerando-o um mero usurpador.
Magnêncio então foi forçado a avançar em direção a Ilíria para tentar consolidar sua posição estratégica, mas foi derrotado por Constâncio II na Batalha de Mursa, em 28 de setembro de 351 D.C., o que o forçou a recuar para a Itália, que, no entanto, aderiu ao Imperador do Oriente, levando-o a uma nova retirada para a Gália, perseguido pelo exército leal à Constãncio II.
Finalmente, na Batalha de Mons Seleucus, em meados de 353 D.C., Magnêncio foi decisivamente derrotado pelas tropas de Constâncio II, fugindo para Lugdunum (atual Lyon), onde, em 11 de agosto de 353 D.C., ele cometeu suicídio à honrada maneira dos antigos soldados romanos, caindo sobre a própria espada.