
Em 15 de novembro de 270 D.C, na província romana da Lícia e Panfília, nasceu Nicolau (Nikolaos), filho de Epifânio (ou Téofano) e Joana (ou Nona), um casal de cristãos abastados da cidade de Patara, na atual província turca da Antalya. Tendo nascido livre e filho de romanos livres, Nicolau era também cidadão romano, de acordo com a lei promulgada pelo imperador Caracala, em 212 D.C .
Os pais de Nicolau morreram enquanto ele era ainda muito jovem e o menino foi criado por seu tio, também chamado Nicolau, que era o Bispo de Patara e logo fez o menino entrar na Igreja como coroinha, e, quando o sobrinho tornou-se adulto, ordenou-o padre.

Ainda em Patara, Nicolau ficou conhecido pelos atos de caridade, como quando certa vez, sabedor que as 3 filhas de um homem que havia caído na miséria iriam se prostituir para poder sobreviver, ele atirou três bolsinhas contendo moedas de ouro pela janela da casa da família.
Foi durante a Grande Perseguição dos Cristãos, decretada em 303 D.C, pelo imperador Diocleciano, que Nicolau, como tantos outros prelados cristãos, foi preso e, segundo relatos, espancado na prisão. Ele deve ter ficado preso, contínua ou intermitentemente, pelo menos até o Édito de Tolerância baixado pelo imperador Galério, em 311 D.C, também conhecido como Édito de Sérdica, e que tornou o Cristianismo uma religião lícita (este decreto antecedeu o famoso Édito de Milão, publicado dois anos depois).

Entre os anos 312 e 315 D.C, Nicolau peregrinou pela Terra Santa e viveu em uma pequena comunidade de monges que viviam em cavernas em Beit Jala, nas montanhas do deserto próximo à Belém, onde, séculos mais tarde seria construída a igreja ortodoxa grega de São Nicolau, porém, em 317 D.C, Nicolau voltou para a sua província e foi consagrado bispo da cidade de Mira, atual Demre, na Turquia.
Na condição de bispo de Mira, Nicolau participou do fundamental Concílio de Nicéia, convocado pelo 1º imperador romano cristão, Constantino I, em 325 D.C, sendo listado como participante de número 151: “Nicolau de Mira da Lícia”. Nicolau foi, assim, um dos signatários do “Credo Niceno”, que até hoje é o cerne dogmático do cristianismo católico romano e ortodoxo.
Vários milagres foram atribuídos a Nicolau, sendo que muitos teriam ocorridos em navios, motivo pelo qual ele virou padroeiro de várias cidades portuárias e, inclusive, da Marinha da Grécia moderna.
Nicolau faleceu em 6 de dezembro de 343 D.C, com 73 anos de idade. Ele foi enterrado em Mira.

Durante as invasões turcas ao Império Bizantino, no século XI, a cristandade passou a implorar que as relíquias de São Nicolau fossem transferidas para um local mais seguro e os seus restos mortais quase completos foram transferidos para a cidade de Bari, na Itália, por piratas. Posteriormente, marinheiros venezianos levaram o restante dos ossos de Nicolau de Mira para Veneza. Exames forenses modernos confirmaram que ambos os restos pertencem ao mesmo esqueleto. Não obstante, alguns ossos ou fragmentos ósseos de São Nicolau foram sendo espalhados por várias igrejas da Europa.

Em 2004 foi feita uma autópsia no esqueleto pelo professor de Patologista Forense da Universidade de Bari, Francesco Introna, e uma reconstrução facial do crânio pela perita antropologista facial Caroline Wilkinson, da Universidade de Manchester. Verificou-se que Nicolau sofreu uma fratura grave em vida no nariz, provavelmente devido aos maus tratos sofridos durante a Grande Perseguição. A sua altura foi estimada em 1,68 m. Posteriormente, em 2014, Wilkinson produziu uma nova versão da reconstrução facial do Santo. Tudo isto pode ser conferido no link https://www.stnicholascenter.org/who-is-st-nicholas/real-face
Mas como São Nicolau inspirou a figura do Papai Noel?
A tradição cristã registra que Nicolau, além de devotar especial cuidado para com as crianças, era conhecido pelo costume de dar secretamente presentes, colocados nos sapatos das pessoas que ele visitava. Atualmente, no Calendário Gregoriano seguido pela Igreja Católica Romana, o dia festivo de Nicolau é 6 de dezembro. Todavia, na Igreja Ortodoxa, que segue o Calendário Juliano o Dia de São Nicolau cai no dia 6 de janeiro, e, em sua homenagem, nos países ortodoxos nasceu o costume das pessoas se darem presentes, considerando que a data também coincidia com o dia de natal para os cristãos ortodoxos (atualmente é dia 7 de janeiro).

Entre as nações européias ocidentais cristãs que herdaram o culto a São Nicolau, ele passou a ser especialmente reverenciado durante a Idade Média na Holanda, como “SinterClaes“, forma que evoluiu para “Sinterklaas”, sendo representado com as roupas vermelhas comuns a um bispo católico. Inclusive, São Nicolau, ou Sinterklaas, passou a ser o santo padroeiro da Amsterdam.

Quando os Holandeses estabeleceram sua primeira colônia na América do Norte, batizada de Nova Amsterdam, em 1624. Sinterklaas, ou seja, São Nicolau, igualmente foi escolhido como padroeiro da cidade, que, quarenta anos depois, seria conquistada pelos ingleses e rebatizada de “Nova York”. Assim, Sinterklaas acabou sendo transliterado no idioma inglês como “Santa Claus” e no século XIX começou a ser associado nos Estados Unidos a uma figura tradicional do folclore anglo-saxão medieval tardio e seiscentista associada ao Natal, o “Father Christmas”, que, em português, pode ser traduzido como “Papai Noel“.

Progressivamente, durante o século XIX, a figura de Santa Claus foi ganhando personalidade própria em relação a São Nicolau na majoritariamente protestante costa leste dos EUA, perdendo seu traje de bispo católico (como ele sempre foi retratado), embora mantendo a cor vermelha, ganhando suas feições e silhueta roliças, e incorporando-se à sua iconografia os trenós, as renas e outras características típicas do inverno nas latitudes mais extremas da Europa Setentrional.

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Feliz Natal!
Grande São Nicolau! Deu umas bofetadas merecidas no herege Ário durante o Concílio de Nicéia. São Nicolau, rogai por nós!
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